Título: A Sereia (The Siren)
Autora: Kiera Cass
Editora: Seguinte
Gênero: Literatura Estrangeira / Ficção / Fantasia
Páginas: 328
Idioma: Português
Ano de Lançamento: 2016

Sinopse: Anos atrás, Kahlen foi salva de um naufrágio pela própria Água. Para pagar sua dívida, a garota se tornou uma sereia e, durante cem anos, precisa usar sua voz para atrair as pessoas para se afogarem no mar. Kahlen está decidida a cumprir sua sentença à risca, até que ela conhece Akinli. Lindo, carinhoso e gentil, o garoto é tudo o que Kahlen sempre sonhou. Apesar de não poderem conversar — pois a voz da sereia é fatal —, logo surge uma conexão intensa entre os dois. É contra as regras se apaixonar por um humano, e se a Água descobrir, Kahlen será obrigada a abandonar Akinli para sempre. Mas pela primeira vez em muitos anos de obediência, ela está determinada a seguir seu coração.
A Sereia é uma história fofa, daquelas que te farão das suspirinhos e sorrir para aqueles velhos sonhos de menina. Eu adorei o modo como a Kiera guiou esta história, sem muitas pretensões, mas tecendo e misturando a mitologia com os tempos atuais de uma forma muito própria. A narrativa da autora continua sendo o ponto alto de seus livros, sem que eu percebesse, eu já estava na metade do livro em questões de horas. A autora soube usar a curiosidade do leitor a seu favor.
O livro conta a história de quatro meninas transformadas em sereias, mas não na forma convencional, mulher com cauda de peixe. Elas continuam na forma humana, porém com habilidades sobrenaturais. A protagonista, Kahlen, vive um drama por sua condição. As sereias devem fidelidade à Água, não podem criar laços de amor com humanos, e suas vozes são extremamente mortais. Para viver em sociedade, elas aprenderam a se comunicar pela linguagem de sinais.
Condenada a servir à água por 100 anos, é obrigada, de tempos em tempos, tirar a vida de centenas de pessoas com seu canto para alimentá-La. Das quatro irmãs, ela é a mais afetada por essa situação, e vive em busca de formas de amenizar sua dor. Oitenta anos se passam e Kahlen e sua novas irmãs (e não aquelas que a encontraram no dia que se tornou sereia, pois essas já cumpriram seus deveres) vivendo em Miami. Diferente de suas irmãs, Elizabeth e Miaka, Kahlen é caseira, calma e deveras obediente a Água, além de ser a favorita da mesma. Ela a vê como se fosse uma mãe: amada, temida e respeitada. A protagonista é segunda mais velha do grupo atual (até uma etapa do livro) e é a que mais sofre com o seu serviço.
Para não esquecer de todos que já tirou a vida, ela tem diversos catálogos de todas as vezes que teve que afundar um navio com os dados de todos os passageiros. Um belo dia indo a biblioteca para terminar sua pesquisa sobre o ultimo navio que ela afundou acaba conhecendo Akinli, um jovem rapaz gentil, educado e animado que mesmo ela tentando ignorar e se esconder ele a percebe, a aprtir desse momento a vida Kahlen muda completamente.
O cenário que a autora criou é ao mesmo tempo simples, mas também único. Não existe nada de novo sobre a mitologia das sereias que já não ouvimos falar por aí, mas Kiera explora cantinhos que jamais foram explorados antes, como por exemplo, a relação das sereias com sereias, a relação delas com humanos e também com a própria Água e seu senso de dever. A Água foi uma personagem que me surpreendeu. A forma com que a autora deu vida à uma personagem totalmente abstrata foi muito cuidadosa. Ela consegue nos transmitir os sentimentos d’Ela mesmo não sendo humana.
Os personagens secundários no livro também são bem explorados, e por vezes, receberam uma melhor atenção minha do que a própria protagonista. A autora soube evidenciar a personalidade de cada um, principalmente, da personagem com mais presença, a Água, com toda sua ambiguidade. Ela consegue ser a mãe protetora e amável, mas também o elemento forte e devastador como conhecemos.
A história é linda e o livro tem um ritmo bem legal. Você acaba se acostumando e aceitando as leis do mundo da Água, começa a perceber as justiças e injustiças que cercam a vida das sereias, se apega instantaneamente à algumas, apesar de a história ser centralizada em Kahlen. Enfim, eu só posso dizer que essa história é bastante tocante. Nos faz pensar em algumas verdades universais, nos faz pensar no amor, no que a gente faria por ele, pela vida eterna e pela morte.
A Sereia é um livro que eu recomendo. Mergulhar nesse universo tão delicado, com uma linha tão tênue entre o amor e ódio, sendo contados com um olhar tão delicado de Kiera, faz valer cada página.
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