Título: Até Mais, e Obrigado Pelos Peixes! (O Guia do Mochileiro das Galáxias - Vol. 4)
Autor: Douglas Adams
Editora: Sextante
Editora: Sextante
Gênero: Literatura Estrangeira / Ficção científica / Romance
Páginas: 142
Idioma: Português
Ano de Lançamento: 2010
Aviso: Essa resenha contém spoilers. Leia por sua conta e risco!
Avaliação:







Sinopse: Com mais de 15 milhões de exemplares vendidos em todo o mundo e uma galeria interminável de fãs, a série que traz o inglês Arthur Dent e o extraterrestre Ford Prefect como protagonistas de loucas aventuras espaciais ganha mais um episódio eletrizante. Depois de viajar pelo Universo, ver o aniquilamento da Terra, participar de guerras interestelares e conhecer as mais extraordinárias criaturas, Arthur está de volta ao seu planeta. Tudo parece igual, mas ele descobre que algo muito estranho aconteceu na sua ausência. Curioso com o fato e apaixonado por uma garota tão estranha quanto o que quer que tenha acontecido, ele parte em busca de uma explicação.
Com sua peculiar ironia e seu talento aparentemente inesgotável para inventar personagens e histórias hilariantes - embora altamente filosóficas -, Douglas Adams nos presenteia com mais uma genial obra capaz de nos fazer refletir sobre o sentindo da vida de uma forma bem diferente da habitual. Intercalando momentos cômicos com imagens e descrições poéticas, "Até Mais, e Obrigado pelos Peixes!" é mais uma aventura da "trilogia de cinco" que já levou os leitores a conhecerem situações bem improváveis e a viver momentos de reflexão e de pura diversão.
Se você leu as duas últimas resenhas, sobre o segundo e o terceiro volume dessa saga, pode ter ficado um pouco receoso em ler o quarto, ou até mesmo de continuar a leitura da série. Mas no quarto volume a história finalmente volta aos eixos, e a escrita de Adams readquire aquela forma rápida e agradável que o leitor viu no primeiro volume.
A narrativa é quase completamente focada em Arthur e numa garota, tão esquisita e especial quanto ele, chamada Fenchurch. Ela é uma das poucas pessoas que sentem que aconteceu alguma coisa realmente estranha com o planeta, que ele não é o mesmo de antes e que isso não tem nada a ver com nenhuma ilusão coletiva como a mídia vem divulgando. Por conta disso, Fenchurch é tida como louca, e tratada como tal pelo seu irmão Russel, com quem Arthur pega uma carona em alguma estrada da Inglaterra assim que regressa ao planeta numa noite chuvosa.
Levando em conta que, nos volumes anteriores, a ficção científica em si sempre representou um ponto forte, aclamado, na escrita de Adams, neste volume, a aventura espacial cedeu um espaço generoso ao romance, de forma que alguns leitores classificaram o livro 4 como uma comédia romântica. Há cenas fofas e outras nada inocentes no livro; uma trama que, se não alcançou o ponto alto do nível Adams, foi gostosa de ler.
De primeira leitura, o que dá pra notar é que esse quarto livro é bem mais poético que os outros, a descrição dos lugares e sentimentos dos personagens está mais envolvente, e ele tem um assunto central até então nunca abordado com tanta importância por Adams. Uma das melhores sacadas do livro é o fato de Adams ter considerados que alguns leitores poderiam ‘não se interessar’ por essa parte romântica da história e indica que eles pulem direto para os últimos capítulos do livro, pois, segundo ele “é bem legal, e é onde aparece o Marvin”.
A história adquire um tom mais adulto também, o humor continua presente, mas não tanto assim, já que Arthur está no meio de um grande dilema: continuar em busca da grande resposta e das respostas que surgiram quando ele voltou para a Terra, ou simplesmente, viver a sua vida com Fenchurch, como se nada tivesse acontecido.
Quanto aos demais personagens, eles não têm tanta participação assim nesse volume. Ford aparece bêbado após ver que o artigo que ele mesmo havia escrito sobre a Terra para o guia do mochileiro das galáxias havia sido atualizado e agora tinha várias informações detalhadas. E logo após isso ele tem um papel fundamental para Arthur e Fenchurch conseguirem chegar às Montanhas de Quentulus Quazga. Marvin, como dito anteriormente, só aparece mesmo no último capítulo, e Zaphod e Trillian não têm participação nenhuma dessa vez.
Em nenhum dos livros anteriores percebi uma crítica tão forte aos sistemas editoriais. Foi interessante imaginar as relações entre o autor e seu editor, visto que sabemos dos seus problemas com prazos, e do que os editores precisavam fazer para que Douglas escrevesse. Todos os livros da série deixam transparecer de forma clara o posicionamento político do autor, o que não chega a comprometer o limite da verossimilhança. A personagem Fenny, por exemplo, tem uma postura própria dela, como o Marvin, de forma que é impossível ver o autor de forma escancarada neles e, portanto, duvidar de sua consistência.
O livro nos faz refletir sobre a fé e a ciência, o amor, a manipulação de pensamentos e os mistérios do Universo que substituem um ao outro, assim que o primeiro é desvendado. Faz-nos pensar no cientista como uma criança, trabalhando a coragem de falar daquilo que está vendo acontecer para não correr o risco de ver apenas o que espera ver. Esse livro é uma grande recuperação de fôlego da série, que parecia cansada nos volumes anteriores.
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