# RESENHA 22 // FILHOS DA SENZALA





Título: Filhos da Senzala
Autor:  Silvânia Dias
Editora:
 Schoba
Gênero: Romance, Drama, Romance Histórico
Páginas: 
258
Ano de Lançamento: 2014
Avaliação:      
*Este livro foi recebido como cortesia da editora.

     No mês passado recebi um convite super especial da Editora Schoba, através da fofa da Luciana, me perguntando se eu gostaria de resenhar o então lançamento da editora, “Filhos da Senzala” da autora brasileira Silvânia Dias, para vocês aqui no blog.

Fiquei muito feliz com o convite e de pronto aceitei. Confesso que desde o primeiro momento, fiquei encantada com a sinopse e com a riqueza de detalhes que a autora trouxe para a história. E ao mesmo tempo, agradecida por ter a oportunidade de falar sobre um livro que abordar um assunto não muito comentando por outros autores, a escravidão.

Já era para ter postado a resenha, mas, com os trabalhos e provas da faculdade ainda não tinha conseguido sentar para colocar em ordem todos os meus pensamentos sobre o livro. E para completar, fui acometida por uma forte gripe na ultima semana, fato que além de atrasar a postagem dessa e outras resenhas, me deixou um tanto letárgica e sem condições até mesmo de escrever. Mas, graças a Deus, já estou em fase de recuperação (entupida de remédio), mas, bem! Por isso, desde já minhas desculpas a vocês leitores.

Bom, como sabem, eu sou de origem negra, filha de uma baiana e um mineiro. Então, passado ou não, toda essa historia sobre escravidão, faz parte do meu DNA. E uma das coisas bacanas da minha vida é ter crescido passando as férias na fazenda dos meus avós, no interior da Bahia, assim como a autora, ouvindo histórias do interior e de como eram os tempos antigamente. Por conhecer um pouco da rotina de uma fazenda, pude me transportar e imaginar o cenário da história de uma forma incrível. E foram esses pontos e a extensa pesquisa realizada por Silvânia, que me chamaram a atenção desde o inicio.

Filhos da Senzala é um romance histórico que se passa nos anos de 1800, e tem como personagens centrais o Capitão Bartolomeu Moutinho Esteves, Francisco do Espírito Santo e Eugênia, uma escrava por quem Francisco, se apaixona perdidamente e por quem praticamente perde a liberdade e quase a própria vida. Na trama que nos leva inicialmente para o ano de 1819, quando Ana Leocádia, mãe de Cassiano e Francisco, sofre uma morte subida, deixando o marido, os dois filhos e a todos aqueles que a conheciam desconsolados.

Nesse momento tão triste de suas vidas, cada um dos familiares lida com o luto e a dor de forma diferente. E, é nessa hora, muito acometido pela perda e tristeza que Francisco, cela uma cavalo, arruma alguns pertences e decide partir da fazenda que nasceu e cresceu para encarar o mundo sem rumo. Durante a sua viagem árdua e solitária, quando resolve fazer uma pausa em uma parada para viajantes, Francisco, conhece o personagem Augusto Campos, um homem que presta serviços de forma indireta para a Fazenda da Cantareira e que por conta do falecimento de um de seus empregados no decorrer da viagem, esta precisando de ajuda para terminar o serviço para qual foi contratado. Por obra ou não do destino, Augusto, resolve oferecer ao jovem solitário e agora novo amigo Francisco, um emprego temporário, que sem ter outros planos em mente, ele prontamente aceita.

É ai que a história começa a se desenrolar e criar forma, quando ao chegar a Fazenda da Cantareira e, ignorando todos os conselhos de Augusto, para se manter distante do dono, o temido Capitão Bartolomeu Moutinho Esteves, Francisco, decide ficar e trabalhar na propriedade por um tempo, mal sabendo ele que estava se encaminhando para o inferno.

Com o passar do tempo, se dedicando ao trabalho de sol a sol, Francisco, acaba por se tornar o melhor trabalhador livre da propriedade e sem saber, acaba se tornando alvo da cobiça do ardiloso e desalmado capitão. Sem saber como ter o jovem forasteiro em seu poder, o Capitão Bartolomeu, começa a observá-lo de perto e vê sua chance chegar quando, Francisco, se encanta perdidamente pela escrava da fazenda, Eugênia. Uma sedutora mucama, que encanta os homens e depois de uma decepção amorosa esta decidida a trabalhar e juntar dinheiro para comprar a sua própria alforria. Depois de observar por um tempo o novo trabalhador da fazenda e de um jogo de sedução por parte da escrava, o casal enfim engata uma história de amor proibida.

Completamente apaixonado e seduzido por Eugênia, Francisco, sem pensar nas consequências de tal envolvimento e conhecendo o desejo da amada de liberdade, decide procurar o capitão e propor um arriscado acordo. Sábio e ardiloso, o capitão não perde a chance e resolve oferecer ao jovem apaixonado a liberdade de Eugênia, por 12 anos de seu trabalho na fazenda, só assim, depois do acordo pago a escrava seria libertada. Francisco, concordar em servir o capitão pela liberdade da amada e a partir deste acordo sua vida muda completamente. O casal agora recém casados, continuam morando na Fazenda da Cantareira, mas agora o jovem forasteiro, passa a ser tratado com a mesma brutalidade e crueldade que os demais escravos da propriedade. Passando-se os anos sendo humilhado e trabalhando a exaustão sem nada receber e, com o fim dos 12 anos do acordo, já pronto para deixar a Fazenda agora com seus quatro filhos, o casal se depara com mais uma armadilha do capitão, que arquitetou direitinho o plano para mantê-los sob seu poder.

Concluindo, Filhos da Senzala não se limita apenas em retratar a história de Francisco do Espírito Santo e sua esposa Eugênia.  Narrado em terceira pessoa, o livro nos apresenta a história de uma forma que nos permite acompanhar os eventos através de um narrador de palavras rebuscadas e profundo afinco em descrever com precisão todos os eventos, lamurias e arroubos sensuais desses dois amantes. Ele não se limitava apenas a observar e descrever as cenas, mas muitas vezes estampa no texto sentimentos, o que dá ainda mais aquela sensação de estar escutando a história ser contada por alguém.

A falta de diálogos durante a leitura não me incomodou em nada, ao contrário, pra mim funcionou muito bem, achei que deu à história um toque único. O Capitão é um personagem tão importante quando Francisco no livro. Quando li a sinopse imaginava que se tratava apenas da história de Francisco e como ele trocou sua liberdade por amor. Mas a verdade é que o livro não tem protagonistas e personagens secundários, a história do Capitão nos é contada com o mesmo afinco do que a de Francisco e conhecemos muitas outras figuras que enriqueceram e completam todo enredo da trama.

Outro ponto a se destacado, e a pesquisa sobre a sociedade mineira e o período da escravidão em 1800 que foi muito boa. A autora nos brinda com requinte e riqueza de detalhes todos os costumes, as vestimentas e motivações que faziam as famílias abastadas e nobres viveram ou morrerem. As cruezas de algumas cenas retratadas na história também são de tirar o fôlego.

Achei a escrita de Silvânia, deliciosa, eu simplesmente adorei e saboreei até a última página do livro... E com muito gosto! Mas em alguns aspectos achei que deixou a desejar, principalmente nas cenas finais. A trama e principalmente o clímax acabou tendo um desfecho muito rápido. Achei que autora poderia ter se estendido mais com o desenrolar principalmente no que diz respeito à Eugênia.

Super Indico o livro, principalmente para os apaixonados por boas histórias, pois, além de possuir fundamentação história e ser uma ótima pedida, é um livro digno da estante de qualquer bom leitor. Tenho certeza que vão se encantar com a narrativa da autora, que não é cansativa e consegue prender os leitores até o final. Todo o estudo de capa e a diagramação também ficaram maravilhosos, tornando o exemplar simplesmente uma maravilhosa e excelente aquisição. Estou ansiosa para conhecer os próximos livros da Silvânia.


Sobre a Autora






  • Silvânia Dias, nasceu em Belo Horizonte, mas passou parte de sua infância em fazendas do interior mineiro, ouvindo as antigas histórias de sua avó materna, narradas d geração em geração. Mestre em História e especialista em Cultura e Arte Barroca pela Federal de Ouro Preto, Silvânia Dias também é especialista em História da Cultura e da Arte pela Universidade Federal de Minas Gerais. Filhos da senzala é seu primeiro romance publicado.
Quero agradecer à Luciana e a Editora Schoba pelo carinho, confiança e principalmente pela oportunidade de ler e conhecer Filhos da Senzala. Espero ter a oportunidade de resenhar outras obras da editora. 

Espero que vocês gostem da resenha e leiam o livro. E quem já leu, não esquece de comentar.
Obrigada por tudo, pessoal!

Beijo

amoarquitetura.tumblr.comhttp://www.instagram.com/bialn

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1 comentários:

  1. Olá, Sheyla. Parabéns pela resenha! Gostei de como mesclou a história com aspectos de sua vida. Muito legal, também, o fato de a narração ter conseguido te transportar para o clima bucólico. Forte abraço! (E até breve :] )

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